O SANTUÁRIO E O JUÍZO PRÉ-ADVENTO
INTRODUÇÃO
Creio que nas últimas décadas, um dos maiores ataques à doutrina do santuário e o juízo pré advento tenha sido feito pelo Dr. Desmond Ford. Entre outras coisas, disse ele:
“A doutrina do juízo investigativo compromete a certeza da salvação pela graça de Deus à
parte das boas obras”.
Desmond Ford perdeu a credencial de pastor em 1980. Antes de ser desligado da igreja, desenvolveu um ministério não denominacional, chamado “Boa Nova Ilimitada” Ele pediu o desligamento da igreja em 2001.
A doutrina do juízo investigativo (ou pré-advento) compromete a certeza da salvação pela graça de Deus, à parte das boas obras, como defendido por Desmond Ford? Certamente que não! E vamos ver por quê.
(1) O Santuário do Antigo Testamento e seu Propósito
“E me farão um santuário para que Eu possa habitar no meio deles (Êx 25: 8).
Essa foi uma ordem dada por Deus ao Seu povo por meio de Moisés, algum tempo depois que Deus, por intermédio do próprio Moisés, havia libertado o povo da escravidão egípcia. E junto com ordem para a construção, foi mostrado modelo a ser copiado.
“Segundo tudo o que eu mostrar a você como modelo do tabernáculo e como modelo de todos os seus móveis, assim mesmo vocês o farão”(verso 9) Poul Hoff, teólogo protestante, em seu comentário sobre o Pentateuco, apresenta três propósitos pelos quais, em seu ponto de vista, Deus ordenou que construíssem o santuário. Para ele, um dos propósitos de Deus com a construção do santuário era “representar grandes
verdades espirituais que Deus desejava gravar na mente humana, tais como Sua majestade e santidade, Sua proximidade e a forma de aproximar-se de um Deus santo. Os objetos e ritos do tabernáculo também prefiguravam as realidades cristãs (Hebreus 8:1, 2,8-11; 10:1). Desempenhavam um papel importante em preparar os Hebreus para receber a obra sacerdotal de Jesus Cristo” (O Pentateuco, pág. 141).
Quero comentar sobre dois aspectos desse propósito apresentado por Hoff. “Os objetos e ritos do tabernáculo também prefiguravam as realidades cristãs (Hebreus 8:1, 2,8-11; 10:1). Os objetos e ritos do santuário prefiguravam as realidades cristãs”, diz Hoff. E, sem a menor sombra de dúvidas, uma das principais verdades cristãs prefiguradas, ou simbolizadas pelo santuário e seus rituais, diz respeito ao juízo pré-advento, ilustrado de forma inconfundível pela cerimônia do dia da Expiação, que era realizado a cada ano no dia dez do sétimo mês, levada a efeito pelo sumo sacerdote.
Outro ponto interessante da afirmação de Hoff, é a que diz que com a construção do santuário Deus pretendia preparar os Hebreus para “a obra sacerdotal de Jesus Cristo”. Claro, não dá para entender o plano da salvação sem o ministério sacerdotal, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. No antigo Testamento, a obra sacerdotal era dividida em duas partes. Uma era desempenhada pelos sacerdotes, e outra pelo sumo sacerdote. A parte desempenhada pelos sacerdotes consistia nos serviços regulares e diários, realizados no pátio e no lugar santo do santuário. Já aquela que era realizada pelo sumo sacerdote acontecia uma vez por ano, e era realizada no lugar santíssimo do santuário. A primeira tratava do perdão dos pecados; a segunda, de sua eliminação.
Sobre a cerimônia do dia da Expiação, que tratava da eliminação e não do perdão dos pecados, o prof. Wilson Paroschi esclarece que “o dia da Expiação não tratava de perdão; o termo nem ocorre em Levítico 16 ou 23: 27-32. O dia da Expiação era a ocasião em que o santuário (e o povo) eram purificados, e os pecados definitivamente eliminados (ver Lv 16:29-34; 23:27-32). Perdão e eliminação de pecados, desse modo, não são a mesma coisa. O perdão, que era real e efetivo, era obtido por meio dos sacrifícios regulares) Lv 17: 10, 11), quando os pecados eram transferidos para o santuário, isso é, para o próprio Deus”. (Unaspress – Revista Teológica. Romanos – estudos introdutórios à justiça pela fé, pág. 106).
Por sacrifícios regulares, conforme dito pelo prof. Paroschi, devemos considerar também o chamado “sacrifício contínuo”. Sobre esse sacrifício, lemos:
“Esta é a oferta queimada que oferecereis ao Senhor, dia após dia: dois cordeiros de um ano, sem defeito, em contínuo holocausto; um cordeiro oferecerás pela manhã, e o outro, ao crepúsculo da tarde”. (Nm 28: 3, 4).
“Isto é o que oferecerás sobre o altar: dois cordeiros de um ano, cada dia, continuamente. Um cordeiro oferecerás pela manhã e o outro, ao pôr do sol”. (Êx 29: 38, 39).
Como se pode ver, o sacrifício contínuo era um tipo de sacrifício permanente. Era um sacrifício que durava vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Ou seja, sempre que alguém da nação de Israel pecasse, em qualquer lugar e a qualquer hora, durante o dia ou durante a noite, havia sempre um sacrifício que lhes garantia o perdão. Sobre a função do sacrifício contínuo, escreveu M. L. Andreasen:
“O serviço da manhã expiava os pecados cometidos durante a noite; o da tarde, os pecados cometidos durante o dia.” (O Ritual do Santuário, p 138).
Os benefícios do sacrifício contínuo eram estendidos a toda a nação de Israel. Sempre que alguém pecasse, e todo ser humano peca, até mesmo sem o saber, não precisava se desesperar, porque sabia que seu pecado estava sendo expiado por meio do sacrifício contínuo. Era um sacrifício cujo benefício era coletivo. Sobre os benefícios desse sacrifício, Ellen White esclarece:
“Toda manhã e tarde, um cordeiro de um ano era queimado sobre o altar, com sua apropriada oferta de manjares, simbolizando assim a consagração diária da nação a Jeová, e sua constante necessidade do sangue expiatório de Cristo.” (Cristo em seu Santuário, pp 32, 33).
Conforme palavra em destaque na citação acima, o sacrifício contínuo era feito não em favor desse ou daquele pecador, mas da nação toda.
Assim, por meio dos rituais diários, entre estes o “sacrifício contínuo”, os pecados de toda a nação eram perdoados e, simbolicamente, transferidos para o santuário.
E no dia da Expiação, agora de modo individual, os pecados que ao logo do ano haviam sido perdoados por meio dos serviços diários, e simbolicamente transferidos para o santuário, quer dizer, para o próprio Deus, eram eliminados. Lembrando que perdão e eliminação de pecados não são a mesma coisa. Repito: o perdão era obtido por meio dos serviços regulares e diários, entre eles o sacrifício contínuo. Já a eliminação dos pecados acontecia uma vez por ano, no dia da Expiação, que era sempre no dia dez do sétimo mês. (ver Lv cap. 16). Quanto ao sacrifício contínuo, seu benefício era coletivo; já o do Dia da Expiação era individual.
Como era feita a eliminação dos pecados que ao longo do ano haviam simbolicamente sido transferidos para o santuário? Em resumo, os pecados daqueles que de fato haviam aceitado e perdão, perdão que lhes havia sido concedido por meio dos serviços regulares ou diários, iriam demonstrar isso no dia da expiação. Sobre isso, lemos em Levítico:
“Mas, aos dez dias deste sétimo mês, será o Dia da Expiação; façam uma santa convocação e humilhem-se; tragam uma oferta queimada ao Senhor. Nesse mesmo dia, vocês não farão nenhum trabalho, porque é o Dia da Expiação, para fazer expiação por vocês diante do Senhor, o seu Deus. Qualquer pessoa que, nesse dia, não se humilhar será eliminada do seu povo” (Lv 23: 27-29).
A ordem era clara: “Qualquer pessoa que, nesse dia, não se humilhar será eliminada do seu povo”. Ora, se no Dia da Expiação era tratado da eliminação dos pecados, e de forma individual, quem anulasse os benefícios dos sacrifícios mediante os quais tinha sido perdoado, era eliminado juntamente com seus pecados.
Aqueles, porém, que se humilhassem diante do Senhor, tornando-se completamente dependentes da graça perdoadora de Deus, seus pecados eram transferidos do santuário para o bode azazel ou emissário. Já aqueles que, por alguma razão não se humilhassem, seus pecados como que voltariam para eles, e, assim, arcavam, eles mesmos, com as consequências, sendo eliminados dentre o povo, conforme lemos no texto de Levítico. Sobre isso o teólogo adventista Anjel Manoel Rodriguez faz um comentário interessante. Referindo-se ao cerimonial do Dia da Expiação, disse ele:
“O indivíduo que, por orgulho ou autossuficiência, rejeitasse a graça expiadora de Deus anulava o benefício do ritual diário”. (Tratado de Teologia Adventista, p 434). Portanto, perdão e eliminação de pecados aconteciam em momentos distintos e separados. Embora todos os sacrifício feitos nos tempos do antigo Testamento apontassem para Cristo e Sua cruz, os rituais eram realizados em duas etapas: serviço diário e anual. E assim como todo o processo envolvia perdão e eliminação dos pecados, da mesma forma o grande sacrifício feito por Cristo deve ser compreendido comtemplando esses dois aspectos: perdão e eliminação dos pecados. E assim como no Antigo Testamento perdão e eliminação estavam separados, tanto no que diz respeito ao tempo, e também quanto ao local, então o mesmo deve acontecer no
Novo Testamento, já que lá (no A T) era uma sombra daqui (do N T).
(2) A Eliminação dos Pecados no Contexto do Novo Testamento
Para entendermos quando e como os pecados dos salvos serão definitivamente eliminados, faz-se necessário a leitura de alguns textos bíblicos. Is 53: 4-6 (ler).
“Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si…” (v 4).
“Nossas enfermidades e nossas dores”. Nossas de quem? Minhas? Suas? De alguns? Não, de todos!
Ele foi traspassado por causa das nossas transgressões e das nossas iniquidades (v 5). Transgressões de quem? Iniquidades de quem? De alguns? Não, de todos!
“Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu próprio caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós” (v 4). Todos andavam desgarrados… Ele levou a iniquidade de todos nós.
Agora vamos para o Novo Testamento. Veja as palavras com as quais João apresentou Jesus às multidões:
“No dia seguinte, vendo que Jesus vinha em sua direção, João disse: — Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! Para João, Jesus é o Cordeiro que tira o pecado do mundo, e não de uma meia dúzia de crentes que se dizem arrependidos.
“Ora, tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos seres humanos e nos confiando a palavra da reconciliação” (1Co 5: 18, 19).
Em Cristo, Deus reconciliou consigo o mundo, e não esse ou aquele pecador. E tal reconciliação só poderia acontecer mediante o perdão. Por isso Paulo diz que para Se reconciliar com o mundo, Deus não levou em conta os pecados dos seres humanos. Outra tradução diz:
“Não imputando aos homens as suas transgressões”. Pessoalmente prefiro a tradução que diz que Deus não imputou aos homens as suas transgressões. A quantos do homens Deus não imputou as transgressões? Apenas a alguns? Não. A quantos então? A todos! Se Deus não imputou aos homens as suas transgressões, as imputou a quem? A Jesus, é claro! Ao imputar os pecados dos homes a Jesus, esses pecados foram eliminados? Não, foram apenas perdoados, porque foram transferidos para Jesus. Lembrando que perdoar e eliminar pecados não são a mesma coisa, nem acontecem ao mesmo tempo.
Quando Jesus agonizava na cruz, por ter recebido sobre Si os pecados de todos nós, Ele pronunciou sete frases, conhecidas hoje como “as sete palavras da cruz”. A primeira palvra pode ser chamada a “palavra de perdão”.
“Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem como aos malfeitores, um à sua direita, outro à sua esquerda. Mas Jesus dizia: — Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23: 33, 34).
Comentando essa oração de Jesus, por meio da qual Ele intercede diante de Deus pedindo perdão, Ellen White disse:
“Aquela oração de Cristo por Seus inimigos abrangia o mundo inteiro. Envolvia todo pecador que já vivera ou viria ainda a viver, desde o começo do mundo, até o fim dos séculos” (O Desejado de Todas as Nações, p 745).
Então, o perdão que foi concedido na cruz atingiu a todos os pecadores, inclusive aqueles que ainda vão nascer. E não pode ser diferente, pois se fazer justiça, no sentido técnico do termo, é dar a cada um o que merece, perdoar é o contrário; é dar a cada um o que não merece. Portanto, do ponto de vista de Deus, ou teologicamente falando, o perdão precede o arrependimento. E tem que ser assim mesmo, pois se o arrependimento fosse uma condição sine qua non para se receber o perdão, já não serria perdão, e sim um ato de justiça. Em Romanos 2:4 Paulo diz que é a bondade de Deus que nos leva ao arrependimento.
(3) O Juízo Pré-Advento e a Eliminação dos Pecados
Para melhor entendermos o assunto da eliminação dos pecados, é preciso saber que até que seja eliminado o pecado não existe no vácuo. Ele estará sempre em alguém ou em algum lugar. No contexto do Antigo Testamento, ele estava primeiramente no pecador, podendo ser transferido para um animal, e, do animal, ser transferido para o santuário; e do santuário para o bode emissário, no Dia da Expiação, conforme Levítico 16: 20-22. Segundo relatado nessa passagem, os pecados que ao longo do ano haviam sido transferidos para o santuário eram, pela mediação do sumo sacerdote, transferidos do santuário para o bode emissário, o qual era enviado para o deserto, onde, por certo, morria de fome e de sede. Ou seja, após o cerimonial da Expiação os pecados eram extintos, ou eliminados juntos com o bode emissário. Veja o que Elle White fala sobre isso:
“Quando se completava o ministério no lugar santíssimo, e os pecados de Israel eram removidos do santuário em virtude do sangue da oferta pelo pecado, o bode emissário era então apresentado vivo perante o Senhor; e na presença da congregação o sumo sacerdote confessava sobre ele “todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados”, pondo-os sobre a cabeça do bode. Lev. 16:21. (O Grande Conflito, p 658).
(4) Jesus e o Santuário
No relato da purificação do templo, registrado no capítulo dois de João, quando Jesus expulsou os cambistas, os judeus Lhe perguntaram que sinal Jesus poderia lhes mostrar para fazer aquelas coisas. Em resposta, Jesus disse: “Destruam este santuário, e em três dias eu o levantarei. Os judeus responderam: — Este santuário foi edificado em quarenta e seis anos, e você quer levantá-lo em três dias? Ele, porém, se referia ao santuário do seu corpo. Quando, pois, Jesus ressuscitou dentre os mortos, os discípulos dele se lembraram que ele tinha dito isso e creram na Escritura e na palavra de Jesus” (Jo 2: 19-22).
Ele, Jesus, se referia ao santuário do Seu corpo. Então, aquele santuário, lá do Antigo Testamento, construído sob a liderança de Moisés, era mesmo um símbolo do corpo de Cristo, para quem todos os pecados, do mundo inteiro, foram transferidos. Desta feita, todo o cerimonial do santuário, embora fosse simbólico, apontava para algo real que aconteceria no futuro.
A essa altura de nossas considerações, a pergunta que se deve fazer é: Quando Jesus tomou sobre Si os pecados do mundo inteiro, os pecados foram eliminados? Claro que não! Então Jesus ficará com esses pecados para sempre, já que o pecado não existe no vácuo? Certamente foram levados para o Céu, ainda que em forma de registro, e, por essa razão, e no desenrolar do juízo pré-advento, julgamento que acontece antes da volta de Jesus, o santuário celestial está sendo purificado.
Em uma visão concedida ao profeta Daniel, foi lhe mostrado cenas de um julgamento, conforme Dn 7: 9, 10; 13, 14. Sobre essa visão, Ellen White escreveu: “A vinda de Cristo aqui descrita não é a Sua segunda vinda à Terra. Ele vem ao Ancião de Dias, no Céu, para receber o domínio, a honra, e o reino, os quais Lhe serão dados no final de Sua obra de mediador. É esta vinda, e não o seu segundo advento à Terra, que foi predita na profecia como devendo ocorrer ao terminarem os 2.300 dias, em 1844. Assistido por anjos celestiais, nosso grande Sumo Sacerdote entra no lugar santíssimo, e ali comparece à presença de Deus a fim de Se entregar aos últimos atos de Seu ministério em prol do homem, a saber: realizar a obra do
juízo de investigação” (ou juízo pré-advento) “e fazer expiação por todos os que se verificarem com direito aos benefícios da mesma” (O Grande Conflito, p. 480). Exatamente como acontecia no Antigo Testamento, de forma simbólica, é claro.
Sobre o ministério de Cristo no santuário celestial, na condição de Sumo sacerdote, o autor de Hebreus não deixa dívida.
“Ora, o essencial das coisas que estamos dizendo é que temos tal sumo sacerdote, que se assentou à direita do trono da Majestade nos céus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, e não o homem” (Hb 8: 1, 2). Referencia clara ao ministério sumo sacerdotal de Jesus Cristo, no santuário que Deus erigiu e não o homem.
“Quando, porém, Cristo veio como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos humanas, quer dizer, não desta criação, e não pelo sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, ele entrou no Santuário, uma vez por todas, e obteve uma eterna redenção” (Hb 9: 11, 12).
Após falar, nos versos anteriores (1 a 8), sobre o santuário terrestre e seus cerimoniais, Paulo afiram, clara e inconfundivelmente, que Jesus entrou no santuário celestial, uma vez para sempre.
Como Sumo sacerdote, o que cristo faz no Santo dos Santos no Santuário celestial? O mesmo que o sumo sacerdote fazia no Dia da Expiação. Ou seja, ministra, com Seu próprio sangue, no processo de eliminação dos pecados, já que o perdão dos mesmos foi dado na cruz.
A propósito, repito o comentário de Anjel Manoel Rodrigez, sobre o dia da Expiação, agora no contexto do Juízo Pré-Advento, do qual o Dia da Expiação era uma sombra.
“O indivíduo que, por orgulho ou autossuficiência, rejeitasse a graça expiadora de Deus anulava o benefício do ritual diário”. (Tratado de Teologia Adventista, p 434). Isso no dia da Expiação, nos tempos do Antigo Testamento.
De igual forma, aqueles que vivem no período pós-cruz, se por qualquer razão não aceitarem efetivamente o perdão que lhes foi dado no calvário, anula-o, o que fará com que seus pecados voltem para eles, causando-lhes a morte eterna. Enquanto os pecados dos salvos, ou seja, daqueles que se beneficiaram do sacrifício feito na cruz, são transferidos para Satanás que, a bem da verdade, é o seu legítimo originador. Lembra que no Dia da Expiação, os pecados daqueles que não haviam anulado os benéficos do serviço diário eram transferidos do santuário para o bode emissário? Agora os pecados são transferidos do Santuário celestial para Satanás. E assim como o bode emissário era levado para o deserto, Satanás, após receber os pecados dos redimidos, ficará, de igual modo, em uma terra desértica durante os mil anos.
CONCLUSÃO
Vou concluir com algumas citações de Ellen White, as quais, para mim, são muito esclarecedores, como também confortadoras.
“Visto que Satanás é o originador do pecado, o instigador direto de todos os pecados que ocasionaram a morte do Filho de Deus, exige a justiça que Satanás sofra a punição final. A obra de Cristo para a redenção dos homens e purificação do Universo da contaminação do pecado, encerrar-se-á pela remoção dos pecados do santuário celestial e deposição dos mesmos sobre Satanás, que cumprirá a pena final. (Patriarcas e Profetas, p 358).
Pois os pecados daqueles que são remidos pelo sangue de Cristo serão finalmente remetidos ao originador do pecado, e este deve padecer o castigo deles, enquanto os que não aceitam a salvação por meio de Jesus sofrerão a pena de seus próprios pecados”. (Primeiros Escritos, p 178)
APELO
Diante do exposto, é urgente a necessidade de se compreender esse assunto, para que se possa viver, na prática, as verdades que ele ensina, afim de não nos incorrermos no perigo de anularmos os benefícios da cruz, por meio de escolhas equivocadas.