A HISTÓRIA E A BÍBLIA
Um agnóstico afirmou que a historiografia moderna não aceita a Bíblia como fonte histórica confiável, ou seja, que as Escrituras não recebem o endosso da História. Ele cita certos fatos sobrenaturais, narrados na Palavra de Deus, como a destruição de Sodoma e Gomorra, as pragas do Egito, a destruição de Jericó, e outros eventos miraculosos como meras lendas.
Eu pergunto: qual a real posição da moderna historiografia em relação à Bíblia? Há indícios arqueológicos para os acontecimentos acima mencionados?
A aceitação ou não da veracidade bíblica vai depender do paradigma que a pessoa adota. Se a pessoa está disposta a crer, verá evidências da confiabilidade bíblica; por outro lado, se parte do pressuposto de que a Bíblia é uma coleção de fábulas, interpretará os fatos sob essa ótica. Na verdade, não há perigo na dúvida, desde que se esteja disposto a acreditar.
Muitos achados arqueológicos confirmaram e confirmam a parte histórica das Escrituras, e há muitos bons livros sobre esse assunto. Devido ao espaço, seria quase impossível mencionar aqui todas as descobertas arqueológicas que confirmam a historicidade bíblica. Por isso, limito-me a analisar alguns achados que corroboram relatos bíblicos (e se o histórico é verdadeiro, pode-se confiar também na mensagem espiritual).
O rei Davi — Escavações arqueológicas nas ruínas da antiga cidade israelita de Dã, na alta Galileia, em 1993, revelaram u m achado impressionante: uma pedra de basalto com inscrições. O arqueólogo Avraham Biran, do Hebrew Union College de Jerusalém, logo identificou a pedra como parte de uma estrela datada do século IX a.C. Aparentemente, comemorava a vitória do rei de Damasco sobre dois inimigos: o rei de Israel e a Casa de Davi. A referência histórica a Davi caiu como uma bomba. O nome do rei de Israel nunca fora antes encontrado em nenhum documento antigo, além da Bíblia. Mas ali estava uma inscrição feita não por um escriba hebreu, mas por u m inimigo dos israelitas, pouco mais de um século após a época em que Davi vivera. Essa descoberta não só confirmou a existência do rei como também sua dinastia.
Kenneth A . Kitchen, egiptólogo e orientalista aposentado pela Universidade de Liverpool, na Inglaterra, afirma que a arqueologia e a Bíblia “se harmonizam” quando descrevem o contexto histórico das narrativas dos patriarcas. Um exemplo: José, um dos filhos de Jacó, foi vendido como escravo por 20 moedas de prata (ver Gênesis 37:28). Kitchen assinala que esse era o exato preço de u m escravo naquela região, naquela época, como ficou comprovado por documentos recuperados na região que hoje compreende a Síria e o Iraque.
Outros documentos revelam que o preço de escravos subiu de forma contínua nos séculos seguintes. Se a história de José tivesse sido inventada por u m escriba judeu do 6 e século, como sugerido por alguns céticos, porque o valor citado não corresponde ao preço da época?
O Êxodo — Embora haja os que contestem este sendo um dos relatos mais importantes da Bíblia hebraica — o Êxodo —, Nahu m Sarna, professor de estudos bíblicos da Universidade de Brandeis, afirma que o relato do Êxodo “não pode, de modo algum, ser uma peça de ficção. Nenhuma nação inventaria para si mesma uma tradição assim tão inglória” a menos que houvesse um núcleo verídico. E Willia m G. Dever, arqueólogo da Universidade do Arizona, observa: “Escravos, servos e nômades costumam deixar poucos traços nos registros arqueológicos.” Daí não se ter encontrado vestígios arqueológicos do Êxodo.
Já o Dr. Paulo Bork, que fez cursos em várias universidades, como a Pacific School of Religion, da Califórnia, a Universidade Hebraica de Jerusalém e a Universidade de Londres, Inglaterra, e que participou de diversas pesquisas e expedições arqueológicas ao redor do mundo, afirma que “sempre existirão aqueles que não creem na Bíblia e a criticam. Muitos deles não vão mudar sua forma de pensar, independentemente das evidências arqueológicas. Por outro lado, temos descoberto tantas evidências que iluminam a parte histórica da Bíblia que isso torna muitos céticos em crentes”
Sodoma e Gomorra — O Dr. Bork, numa entrevista que me concedeu há algum tempo, disse: “Escavamos aquela região por vários anos e descobrimos coisas muito interessantes, que respaldam o relato bíblico. Existiam cinco cidades na parte leste do Mar Morto. Quando as escavamos, encontramos abundante quantidade de cinzas. Em alguns lugares havia uma camada de um metro de cinzas. Não há outra maneira de explicar tamanha destruição e tanta cinza em u m só local, a não ser pelo trágico relato de Gênesis.” — Michelson Borges, editor associado da Revista Adventista.
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