Resumo: Compaixão. Quem é o meu próximo? Essa pergunta costumava intrigar os judeus e era, com frequência, assunto de discussão entre eles.
Compaixão. Quem é o meu próximo? Essa pergunta costumava intrigar os judeus e era, com frequência, assunto de discussão entre eles. Na verdade, a única dúvida que eles, de fato, tinham era saber quem, dentre os de sua família, amigos e compatriotas israelitas, podia ser considerado como próximo, pois, com certeza, pagãos e samaritanos estavam excluídos dessa categoria. Quando defrontado com essa pergunta (Lc 10:29), Jesus preferiu, como de costume, responder com uma parábola. É curioso perceber que, ao todo, Jesus usou cerca de 44 parábolas, ou seja, 1/3 de Seus ensinos foi proferido em forma de analogia. Com certeza, Ele fazia isso para deixar Sua verdade bem ilustrada e clara na mente de Seus ouvintes.
A palavra grega traduzida por “parábola” significa “comparação”, “tipo”, “figura”. Sendo assim, o propósito de uma parábola é despertar inquirição, indagação, ensinar por associação com objetos comuns, apelar a diferentes corações, despertar os indiferentes, impressioná-los com a verdade e cativar o ouvinte, levando-o a pensar em suas próprias ações. O fato é que Jesus normalmente usava parábolas porque Seu objetivo era chocar as pessoas. Mas, além desse interesse, perguntamo-nos se Seu objetivo era impressionar as pessoas de todos os tempos. Será?
Se a resposta é tão clara, por que parece que hoje Suas palavras não provocam o mesmo tipo de reação? Sem dúvida, as palavras estão tão corroídas atualmente que raramente nos surpreendem. É como ouvir uma anedota quando já se conhece a piada. Para sermos impressionados, portanto, temos que redescobrir o sentido da Palavra, a beleza e a surpresa do novo sentido.
Primeiramente, é interessante ressaltar que a parábola do Bom Samaritano se referia a uma narrativa verdadeira, conforme afirmam muitos estudiosos. Portanto, Jesus corria grande risco ao contar uma história em que os judeus eram apresentados de modo negativo e os samaritanos, de modo positivo. Além do mais, Seu relato poderia, facilmente, ser usado contra Ele. Sendo esse um incidente conhecido da época, que talvez tivesse ocorrido pouco antes, podemos dizer que, provavelmente, muitos em Jericó sabiam até onde viviam o sacerdote e o levita da história. Na verdade, dificilmente alguém apresentaria um sacerdote e um levita de forma tão dura se não tivesse um incidente real e possível de ser relacionado com a história.