Resumo: Autoridade das Escrituras. A palavra “Bíblia” se origina do plural do vocábulo grego “biblíon” – livro, rolo (GINGRICH, 1986, p. 43). Assim, “Bíblia” é uma coleção de livros, tidos como inspirados pelo Espírito Santo (2 Timóteo 3:16, 17; 2 Pedro 1:20, 21).
2 Timóteo 3:16, 17
INTRODUÇÃO
O que é a Bíblia?
Autoridade das Escrituras. A palavra “Bíblia” se origina do plural do vocábulo grego “biblíon” – livro, rolo (GINGRICH, 1986, p. 43). Assim, “Bíblia” é uma coleção de livros, tidos como inspirados pelo Espírito Santo (2 Timóteo 3:16, 17; 2 Pedro 1:20, 21). Essa coleção está dividida em duas partes: Antigo e Novo Testamentos. Empregou-se a palavra “testamento” para indicar as “alianças” ou pactos de Deus com seu povo Israel (Antigo Testamento) e com o novo Israel, a Igreja (Novo Testamento).
O Antigo Testamento trata de assuntos que abrangem o período que vai desde a Criação do mundo até o retorno dos judeus do cativeiro babilônico; já o Novo Testamento cobre o período desde o nascimento de Cristo até a propagação da fé cristã pelas regiões que faziam parte do império romano.
De acordo com as passagens bíblicas já mencionadas ((2 Timóteo 3:16, 17; 2 Pedro 1:20, 21) os autores (cerca de 40) dos livros (66) que compõem a Bíblia são taxativos em dizer que seus escritos não são fruto de suas próprias ideias, mas que escreveram sob “inspiração” divina. Ou seja, o Espírito Santo lhes impressionou a mente com ideias e eles as transcreveram usando seu próprio estilo e maneira de escrever. No entanto, essa liberdade de expressão de cada um foi supervisionada ou guiada pelo Espírito Santo (CANALE, 2011, p. 44), para que não fossem empregados frases ou vocábulos inapropriados para expressar a verdade revelada, ou que pudessem contradizê-la. Dessa maneira, pode-se dizer que a Bíblia é produto divino- -humano: É a Palavra de Deus, mas transcrita em linguagem humana. Autoridade das Escrituras
Os livros da Bíblia cobrem um período aproximado de 1500 anos, período que começa por Moisés (c. 1525-1405 a.C.), o qual escreveu os cinco primeiros livros (e possivelmente também o livro de Jó), até o tempo do apóstolo João, autor de três epístolas, de um livro de literatura apocalíptica (que trata dos últimos eventos), o Apocalipse, e de um Evangelho (este considerado o último escrito do Novo Testamento, produzido nos últimos anos do primeiro século de nossa era, talvez nos dias do imperador Domiciano (81-96 d.C.).
Diversos são os locais onde os livros da Bíblia foram produzidos. No que diz respeito ao Antigo Testamento, Gênesis e Jó, atribuídos a Moisés, foram escritos provavelmente em Midiã, na Arábia, quando esse patriarca ali se encontrava, após ter fugido do Egito, por ter cometido um assassinato. Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio foram escritos por Moisés na região do deserto do Sinai, durante os quarenta anos de caminhada dos israelitas saídos do Egito rumo à Palestina (também chamada de “Terra de Canaã” ou “Terra Prometida”). Com exceção do livro de Ester, escrito talvez na Pérsia, os livros chamados “Históricos” (desde Josué até 2 Crônicas, incluindo também Esdras e Neemias) foram provavelmente escritos na Palestina.
Quanto aos livros chamados “Poéticos” (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos), com exceção para o livro de Jó, escrito em Midiã, como já mencionado, a Palestina também foi o lugar onde eles foram escritos. Com exceção para os livros de Ezequiel e Daniel, escritos na Babilônia, também a Palestina foi o lugar onde foram escritos os chamados Livros Proféticos, tanto os dos Profetas Maiores quanto os dos Profetas Menores.
Variados também são os locais onde os livros do Novo Testamento foram produzidos. Diz-se que o Evangelho de Marcos foi escrito em Roma, o de Mateus, na Palestina, o de Lucas, em 7 Antioquia da Síria, e o de João, em Éfeso, região da Ásia Menor. As Epístolas escritas por Paulo, chamadas de “Epístolas Paulinas” (quatorze, se consideramos a Epístola aos Hebreus como sendo de sua autoria) foram escritas em diferentes lugares, tais como Éfeso, Corinto, Roma etc.
Sete são as Epístolas chamadas “Católicas”, ou “Universais” (assim denominadas para diferenciá-las das Epístolas Paulinas) e têm diferentes autores: uma é atribuída a Tiago, outra a Judas – ambas provavelmente escritas em Jerusalém, duas são da autoria de Pedro – escritas em Roma, e três são atribuídas a João e foram escritas em Éfeso. Já o livro do Apocalipse deve ter sido escrito em Patmos, ilha do mar Egeu (de acordo com o que é mencionado em 1:9). Autoridade das Escrituras
Os autores da Bíblia (cerca de 60) representam as diversas classes sociais do tempo em que escreveram seus livros. Só para citar alguns: Moisés foi educado no palácio de Faraó e, mais tarde, trabalhou 40 anos como pastor de ovelhas em Midiã; Davi foi pastor de ovelhas, guerreiro e rei; Salomão foi rei, Isaías era frequentador da corte; Jeremias e Ezequiel eram de linhagem sacerdotal; Daniel foi estadista na Babilônia; Amós era boiadeiro; Pedro, Tiago e João eram sócios em uma companhia de pesca; Mateus era cobrador de impostos e o fariseu Paulo fazia tendas para se sustentar.
Sendo que as mensagens contidas nos textos bíblicos cobrem o período de cerca de 1500 anos, e estão distantes de nós em pelo menos dois mil anos, é de se perguntar como elas poderiam ainda ser úteis e relevantes no século 21. A resposta é sim, visto que o ser humano mudou apenas em tecnologia, mas não com respeito às suas emoções. Como as pessoas dos dias bíblicos, ainda sentimos medo, raiva, ódio, insegurança quanto ao presente e temor quanto ao futuro. Ainda somos assaltados com sentimentos de culpa e pecaminosidade, e ansiamos por algo melhor, que não encontramos neste mundo. Assim, a mensagem bíblica está super atual e ainda fala poderosamente, especialmente às mentes pós-modernas, carentes de rumo, de valores sólidos e de verdades às quais se agarrar.
A seguir, consideremos a utilidade da Bíblia para seus leitores e exegetas:
(1) A Escritura é útil para ensino: expande a mente do leitor
A palavra “ensino” é tradução do vocábulo grego didaskalía, e tem os significados de “ato de ensino”, “instrução” (GINGRICH, 1986, p. 56). Autoridade das Escrituras
Deve-se admitir que quando Paulo disse a Timóteo que a Escritura é útil para o “ensino”, ele tinha em mente o fato de que ela “é o único livro-texto para a salvação da humanidade. […] Nas Escrituras se diz tudo o que é necessário seja dito acerca da responsabilidade do ser humano diante de Deus” (NICHOL, 1990, p. 355). Paulo empregou o vocábulo “ensino” com a ideia de “doutrina”, ou seja, um ensinamento teológico (CHAMPLIN, 2002, p. 396).
Sendo que Paulo tinha em mente o ensino de coisas espirituais, alguém poderia perguntar sobre como o estudo da Bíblia, um livro essencialmente teológico, poderia ser “útil” quanto ao ensino das disciplinas não diretamente teológicas, como matemática, física, química, por exemplo?
A verdade é que a leitura da Escritura e a prática de seus ensinamentos resultam em expansão da mente para a compreensão de qualquer área do saber. Sobre isso, escreveu Ellen G. White:
“É o exercício que desenvolve. De acordo com esta lei, Deus proveu em Sua Palavra os meios para o desenvolvimento mental e espiritual. A Bíblia contém todos os princípios que os homens necessitam compreender a fim de se habilitarem tanto para esta vida com para a futura. Quem quer que possua espírito capaz de apreciar seus ensinos, não poderia ler uma simples passagem da Bíblia sem adquirir dela algum conceito auxiliador. […] Ninguém poderá empenhar-se em tal estudo, sem desenvolver poder mental. […] Como meio para o preparo intelectual, a Bíblia é mais eficiente do que qualquer outro livro, ou todos os livros reunidos. A grandeza de seus temas, a nobre simplicidade de suas declarações, a beleza de suas imagens desperta e eleva os pensamentos como nada mais o faz. Nenhum outro estudo poderá transmitir tal poder mental como o faz o esforço para se compreenderem as verdades estupendas da revelação. A mente, elevada assim em contato com os pensamentos do Infinito, não poderá deixar de expandir-se e fortalecer-se.” (WHITE, 2008, p. 123, 124.)
Por essa citação, Ellen White deixa claro o fato de que, quando a mente humana entra em contato com a mente divina (cujos pensamentos se encontram na Bíblia), ela é expandida e fortalecida. Quando isso acontece, os leitores da Bíblia adquirem capacidade mental para apreender melhor e mais rápido qualquer conceito, de qualquer área do conhecimento humano. E não é de estranhar que seja assim, visto que Deus é a fonte de todo o conhecimento, de qualquer área de estudo. Autoridade das Escrituras
(2) A Escritura é útil para repreensão: indica valores
A palavra “repreensão” é tradução do vocábulo grego elegmós, que tem os significados de “reprovação”, “convicção” ou “punição” (GINGRICH, 1986, p. 70). Quando Paulo disse a Timóteo que a Escritura é útil para “repreensão”, ele tinha em mente que sua elevada moral e ética condena as ações erradas (CHAMPLIN, 2002, p. 396), estabelecendo parâmetros para um bom comportamento. A verdade é que nossa sociedade é caracterizada por “incertezas, tensões, falta de valores, com a perda da noção de limite entre o bem e o mal, conceitos esses que regem, justamente, o nosso comportamento em âmbito social” (ARRIETA, 2000, p. 84). Sendo assim, precisamos, urgentemente, nos dirigir à Bíblia e tomar conhecimento de seus elevados valores, e sua clara distinção entre o bem e o mal, e mostrar isso aos nossos educandos. Autoridade das Escrituras
É triste perceber o caos moral e ético que se instalou no mundo, em todas as áreas da vida. Pode-se constatar isso pelas notícias veiculadas nos jornais, revistas, emissoras de rádio e TV, bem como na Internet. Cada dia ouvimos ou lemos sobre notícias de corrupção, uso da força contra inocentes, acarretando-lhes sofrimento e morte. A ganância pelo lucro tem levado o ser humano a fazer uso predatório dos bens naturais, poluindo o ar e a água, e contaminando a terra.
A violência parece fazer parte do quotidiano, levando pessoas honestas e ordeiras a se trancarem em suas residências ou locais de trabalho, enquanto os bandidos caminham livres e impunes. Mata-se por qualquer razão. Pode-se perder a vida em uma discussão por causa de um acidente no trânsito ou até por causa do interesse de um marginal pelo tênis de alguém. Além disso, vê-se que boa parte das pessoas se comporta de maneira egoísta. Na busca pelo prazer, agem indiferentes ao sofrimento do outro, como é o caso dos pedófilos e estupradores.
Como a total eliminação do mal só se dará após o Milênio e pela direta intervenção divina, é de se perguntar se haveria um meio de minimizar esse caos moral e ético vivido pela sociedade mundial dos dias de hoje. A resposta é sim, desde que as pessoas se voltem para a Escritura e pratiquem seus ensinamentos.
Ao dizer que a Escritura é útil para “repreensão”, o apóstolo Paulo a indica como meio de trazer convicção do pecado, das ações erradas para com Deus e o próximo. Sem a Palavra de Deus o ser humano fica à mercê da ética situacional, onde cada pessoa age de acordo com a situação em que se encontra, o que torna relativos o bem e o mal. Nesse caso, o critério para a tomada de decisões acaba sendo a cabeça de cada um, tornando a verdade relativa.
Mas não precisa ser assim, pois a Bíblia contém todos os princípios morais e éticos, os quais, se seguidos, farão dos seus leitores cidadãos honestos, altruístas, e interessados na preservação da natureza e no sábio uso dos recursos naturais. Segundo Ellen White, “para possuir um saudável tono mental, bem como sãos princípios religiosos, a mocidade deve viver em comunhão com Deus por intermédio de Sua Palavra. Indicando o caminho da salvação mediante Cristo, é a Bíblia nosso guia para uma vida mais elevada e melhor” (1979, p. 273). Autoridade das Escrituras
(3) A Escritura é útil para correção: aponta comportamentos inadequados
A palavra “correção” é tradução do vocábulo grego epanorthôsis, que significa “correção”, “melhoramento” (GINGRICH, 1986, p. 78).
Tendo falado que a Bíblia é útil para mostrar o tipo de comportamento desejado, Paulo diz a Timóteo que a Escritura é útil também para “correção”. Com isso ele tinha em mente o fato de que a Bíblia, além de mostrar os valores que devem nortear a vida de todos, é útil para corrigir comportamentos inadequados, que estão em desacordo com a vontade de Deus para suas criaturas. Autoridade das Escrituras
Essa função corretora da Bíblia quanto aos comportamentos é bem exemplificada pelos dez mandamentos, os quais poderiam ser expressos num tom positivo, da seguinte maneira:
Primeiro mandamento: “Respeite a Unicidade de Deus” (somente Ele é Deus e o único que merece ser adorado);
Segundo mandamento: “Respeite a Infinitude de Deus” (não tente limitá-lo, fazendo imagens dele);
Terceiro mandamento: “Respeite o nome [pessoa] de Deus” (seja coerente: se você diz que é um adorador de Deus aja com tal);
Quarto mandamento: “Respeite o tempo que Deus separou para comunhão especial com suas criaturas”;
Quinto mandamento: “Respeite as autoridades” (começando por seus pais); Sexto mandamento: “Respeite e valorize a vida”
Sétimo mandamento: “Respeite seu cônjuge e seja-lhe fiel”;
Oitavo mandamento: “Respeite o que é dos outros”;
Nono mandamento: “Fale somente a verdade”;
Décimo mandamento: “Cultive a virtude do contentamento”.
Pelo conteúdo de cada mandamento, vê-se que, se aceitos e praticados, fariam de nosso mundo um lugar parecido com o Céu, onde predominaria o respeito à vida, à autoridade divina e humana, à pessoa e bens do próximo. Enfim, cada um viveria para promover o bem-estar do outro, recebendo em troca o mesmo tratamento.
(4) A Escritura é útil para educação na justiça: treina para a prática do que é correto
A expressão “educação na justiça” é tradução da expressão grega paidéian ten en dikaiosune. O vocábulo paidéia tem os significados de “treinamento”, “disciplina” (GINGRICH, 1986, p. 153), enquanto dikaiosune refere-se à “justiça”, “retidão”, “fazer o que é direito” (GINGRICH, 1986, p. 57).
Quando Paulo disse a Timóteo que a Escritura é útil para a “educação na justiça” ele tinha em mente o somatório das três “utilidades” da Escritura mencionadas anteriormente: para o ensino (expandindo a mente do educando), para a repreensão (indicando valores) e para a correção (corrigindo comportamentos inadequados e apontando os adequados). Autoridade das Escrituras
Quando, pela leitura da Bíblia e pela prática de seus ensinamentos essas três metas são alcançadas, o leitor está “treinado/educado” ou “disciplinado”. Ou seja, encontra-se capacitado ou habilitado para fazer o que é correto, tornando-se um cidadão de bem, uma bênção a si mesmo, a sua família, à comunidade onde vive e, por extensão, uma bênção ao mundo.
(5) Resultados do uso da Bíblia na tarefa da educação: Excelência moral e profissional
O apóstolo Paulo conclui suas considerações sobre a Bíblia dizendo que alguém que consegue apreender e internalizar valores, e os põe em prática, que tem comportamento adequado, que está apto ou disciplinado para fazer o que é direito, é alguém “perfeito” (em sentido ético) e está “perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3:17). Ou seja, por buscar a excelência moral e ética, acabará alcançando excelência também no aspecto profissional, pois os valores internalizados e praticados serão levados ao ambiente de trabalho. Autoridade das Escrituras
CONCLUSÃO
Concluindo, gostaria de elencar as contribuições da Bíblia aos que a leem e praticam seus ensinamentos, conforme Holmes (2002, p. 15):
A Bíblia:
1. Concede uma base teológica às nossas obrigações morais, em termos de que temos a obrigação de fazer a vontade de Deus, o Criador e Doador da lei;
2. Relata a relação da moral com o propósito de Deus na Criação, a quebra desse propósito provocada pelo pecado e a restauração que a graça de Deus proporciona;
3. Ensina os princípios de justiça e amor, que descrevem o caráter de Deus e devem caracterizar o nosso;
4. Revela a lei moral de Deus, ao estabelecer deveres em diversas áreas da vida humana. Retrata os dez mandamentos e manifesta-se ao longo de toda a Escritura como preceito e exemplo;
5. Do amor de Deus e da gratidão pelas suas misericórdias procedem a motivação e a dinâmica de toda a vida moral;
6. A Bíblia retrata os ideais e promessas do reino de Deus, que Cristo veio estabelecer, primeiramente em nosso coração e vida e depois no mundo.
APELO
Gostaria de ser um cidadão melhor, uma bênção a si mesmo, a sua família e a sociedade? Então faça do estudo da Bíblia uma prática diária, pedindo a Deus iluminação do Espírito Santo nesse estudo, bem como força divina para praticar os ensinamentos contidos em sua santa Palavra. Quantos gostariam de estudar a Bíblia diariamente? Deus os abençoe para isso. Amém