Joel profetizou provavelmente por volta do ano 830 a.C., durante a menoridade do rei Joás (2Rs 11:21). Nessa época, a regência estava a cargo dos sacerdotes (2Rs 12:2), a quem Joel fez um apelo para que convocassem o povo de Jerusalém a buscar ao Senhor. Apesar de distante de nós no tempo e
na cultura, ele se refere a problemas parecidos com os que enfrentamos hoje e apresenta a solução de Deus para eles.
Joel inicia chamando a atenção das pessoas mais experientes para uma pergunta: “Prestem atenção, velhos, e escutem, todos os moradores da terra! Aconteceu algo assim no tempo de vocês ou nos dias de seus pais?” (Jl 1:2). Hoje, 28 séculos depois, é possível fazer a mesma pergunta. Os idosos reconhecem que muitas das circunstâncias atuais não tiveram precedentes durante sua vida. O mundo passa por eventos intensos e de consequências amplas. Acontecimentos recentes ficarão na memória e os contaremos aos que vierem depois, assim como as pessoas no tempo de Joel fizeram (v. 3).
Nos dias de Joel, a nação de Judá era assolada por tragédias ambientais. Uma praga de gafanhotos invadiu o país e devastou a produção agrícola. O verso 4 descreve quatro espécies de insetos: gafanhotos cortadores, migradores, devoradores e destruidores. A devastação deixada por esses enxames foi
tão grande que as árvores do campo ficaram sem frutas, folhas ou cascas no tronco (v. 7).
Após os gafanhotos, veio a seca. “Todas as árvores do campo secaram” (v. 12). Ou seja, depois de as plantações ficarem devastadas, não adiantava replantar nada, pois a falta de chuva não permitia a renovação de lavouras e pomares. Como se não bastasse, devido à estiagem, queimadas se alastraram. “O fogo devorou as pastagens, e as chamas consumiram todas as árvores do campo” (v. 19). Como sempre acontece durante incêndios florestais, os animais silvestres perderam seu hábitat: “Também todos os animais selvagens suspiram por Ti, porque os rios secaram e o fogo devorou as pastagens” (v. 20).
Essa confluência de tragédias atingiu todos. Pessoas sem Deus, que viviam somente para satisfazer os prazeres imediatos da vida, foram afetadas. Joel clamou: “Acordem, beberrões, e chorem! Lamentem, todos vocês que gostam do vinho, por causa do vinho novo, pois foi tirado da boca de vocês” (v. 5). Mas não somente os ímpios foram prejudicados; aqueles que adoravam a Deus também sofreram as consequências da crise. “Na Casa do Senhor foram cortadas as ofertas de cereais e as libações” (v. 9). O culto a Deus teve que ser interrompido por falta dos elementos utilizados nos rituais do santuário. Os problemas na economia financeira afetaram também a economia espiritual. A concomitância de tantos infortúnios deixou o povo com uma tristeza semelhante à de uma noiva cujo noivo morresse imediatamente antes do casamento e que tivesse que vivenciar um funeral no momento que deveria estar em festa (v. 8). As pessoas trabalharam o ano todo no campo, mas não puderam saborear as frutas e os cereais, que foram devorados pelos gafanhotos, esturricados pela seca e incinerados pelas chamas.
Crise ambiental, crise hídrica, crise de abastecimento e crise econômica: se essas expressões ainda são ouvidas nos noticiários, então a mensagem de Joel ainda é relevante hoje. Joel viveu essas crises e seus desdobramentos na saúde pública, na segurança pública e na política interna e externa da nação de Judá. Principalmente, Joel enfrentou a crise espiritual que está no fundamento de todas as crises humanas. Deus lhe apresentou a solução infalível para superar os dias difíceis. A mesma fórmula divina pode ser aplicada hoje. O mesmo Deus que teve misericórdia do povo de Judá no nono século antes de Cristo tem misericórdia de nós e quer estar conosco nas tribulações que enfrentamos neste conturbado
século 21 depois de Cristo.
Por que existe o sofrimento? Por que pessoas ficam doentes, passam por dificuldades e são vítimas de tragédias? Por que você tem que passar por provações? Você certamente já se fez essas perguntas.
Talvez a busca pela resposta a essas perguntas e outras parecidas tenha lhe ensombrado a mente com uma nuvem de preocupação. Deus, que ama você, não quer que você permaneça desorientado em meio à tempestade que está vivendo. Ele não só revela a origem de todos os males, mas aponta o caminho de saída da provação.
Nos dias de Joel, a tragédia era gafanhotos e seca, com o consequente desabastecimento. Muito antecipadamente, Deus prevenira que, se Seu povo não fosse fiel à aliança de amor que havia entre Criador e criaturas, entre Salvador e pessoas carentes de salvação, Sua proteção seria removida e tragédias adviriam. “Vocês lançarão muita semente ao campo, mas colherão pouco, porque os gafanhotos irão consumir tudo” (Dt 28:38). “Todas as árvores e os frutos da terra de vocês serão consumidos pelos gafanhotos” (v. 42). “O céu sobre a cabeça de vocês parecerá de bronze, e a terra debaixo de vocês será de ferro. Por chuva sobre a sua terra, o Senhor lhes dará pó e cinza” (v. 23, 24). Em suma, o pecado é a causa da tragédia.
Pecado é viver em rebeldia a Deus e Sua vontade. Pecado é a transgressão dos mandamentos de Deus. É viver para a satisfação dos próprios desejos sem levar em consideração a glória de Deus e o bem-estar do semelhante. É por causa do pecado, da cobiça e da ambição do ser humano que o mundo está como está. Acontece que o sofrimento decorrente do pecado não atinge somente aqueles que são mais ousados no pecado. Todos nós sofremos por causa do pecado. Sofremos pelas consequências de nosso pecado e somos vítimas do pecado de outros.
Muitas pessoas têm dificuldade para se admitirem pecadoras. Mas a Bíblia é taxativa em reconhecer que todos nós somos pecadores (Rm 3:23). Somos pecadores independentemente de nossa escolha, pois nascemos em pecado (Sl 51:5). O pecado nos separa de Deus (Is 59:2), traz condenação capital sobre nós (Rm 6:23), nos priva da bênção de Deus e atrai maldição (Dt 28:15). O pecado é a causa de nossos problemas.
Qualquer problema que sobrevenha ao ser humano é apenas um sintoma de uma enfermidade mais mortífera. Uma pessoa vítima de uma infecção microbiana terá muitas vezes febre, enjoos e mal-estar. Muitas vezes, sem ter um diagnóstico preciso, tratam-se os sintomas da moléstia, sem, contudo, obter-se a cura. Somente quando exames clínicos identificam o agente etiológico da doença, o micro-organismo que está provocando todo o desarranjo no corpo do doente, e se combate esse invasor com antibióticos, é que o tratamento pode levar à cura. De igual modo, qualquer solução para os problemas humanos que não trate do problema maior da natureza pecaminosa que todo ser humano tem não será eficaz. O pecado é o problema básico da humanidade, e a cura do pecado também é a libertação das consequências do pecado, que tanto sofrimento nos causam. Qual é a solução para o problema do pecado? Existe cura espiritual para nós?
O profeta Joel apontou o que você e eu devemos fazer para encontrar perdão, paz de consciência e renovação espiritual, e abrir assim o caminho para o fluir das bênçãos de Deus sobre nossa vida. Joel nos apresenta o arrependimento como o método de Deus para resolver o mais básico de nossos problemas e afastar de nossa vida a causa de maldição. Joel instigou os líderes espirituais da nação de Judá a apelarem a todos para que buscassem do Espírito Santo o arrependimento de seus pecados. Nessa convocação, aprendemos no que consiste e como se demonstra o arrependimento: “Sacerdotes, vistam roupa feita de pano de saco e pranteiem. Ministros do altar, lamentem. Ministros do meu Deus, venham e passem a noite vestidos de panos de saco.
Porque no templo de seu Deus não há mais ofertas e libações. Proclamem um santo jejum, convoquem uma reunião solene. Reúnam os anciãos e todos os moradores desta terra na Casa do Senhor, seu Deus, e clamem ao Senhor. Ah! Que dia! Porque o Dia do Senhor está perto e ele vem como destruição da parte do Todo-Poderoso” (Jl 1:13-15). Os elementos desse apelo devem constar em nosso arrependimento.
1) Humilhação. Naquela época, pessoas humilhadas por conta de uma afronta ou infortúnio vestiam-se de roupas feitas de pano de saco, que era o vestuário dos mais pobres. O arrependido deve humilhar-se diante de Deus e reconhecer-se como um miserável por causa de seu pecado.
2) Tristeza pelo pecado. O arrependimento deve ser acompanhado de tristeza e nojo pelo pecado. Quem estava triste vestia-se de pano de saco, cobria-se de pó e cinza e chorava. Somos especialistas em lamentar nossas infelicidades e reclamar das adversidades, mas essa atitude não resolve nosso problema, pois não estamos demonstrando repulsa ao verdadeiro problema, que é o pecado. O arrependimento implica reconhecer o pecado como nossa maior tragédia e despertar em nós aversão visceral a qualquer prática pecaminosa.
3) Reconhecimento da insuficiência humana para resolver o problema do pecado. Uma das causas pelas quais o povo de Judá deveria lamentar era “porque no templo de seu Deus não há mais ofertas de cereais e libações” (v. 13). Sem ofertas sobre o altar, não poderiam ocorrer os rituais que representavam tipologicamente o perdão do pecado. A carestia era tão intensa que não sobrou nada para levar como oferenda a Deus no santuário. Igualmente, precisamos reconhecer que nossa carência espiritual é tão grande que não temos nada para apresentar a Deus para compensar ou reparar nosso pecado. Nossas boas obras, nossas melhores ações e intenções, tudo é imperfeito e maculado pelo pecado. Nossa disciplina e força de vontade são insuficientes para dominar e vencer o pecado. Nada que fazemos pode nos libertar da condenação eterna que merecemos. Somente a fé no sacrifício de Cristo sobre a cruz pode nos salvar.
4) Disciplinas espirituais. São práticas que fazemos e que o Espírito Santo usa para transformar nossa vida. Joel destaca duas: a vigília e o jejum. Na vigília, a pessoa se priva de sono, disciplinando-se para a realidade de que buscar a Deus é mais importante do que satisfazer a necessidade de descanso. O jejum tem finalidade semelhante; é a disciplina do corpo para o fato de que Deus é mais essencial à vida do que o alimento. Em Deus, a alma cansada encontra o verdadeiro descanso. Em Deus, a alma faminta obtém real sustento.
5) Arrependimento comunitário. O arrependimento é mais bem praticado em coletividade. Joel sugere convocar uma reunião solene na Casa do Senhor. Quando congregamos com nossos irmãos de fé com o mesmo propósito de buscar arrependimento e avivamento, nossa fé é fortalecida.
6) Clamor. As palavras “Clamem ao Senhor” (v. 14) revelam o único remédio para a aflição, a única saída para a crise. Só Jesus Cristo é a resposta, só Ele é a saída. Ele é o único que pode salvar, e a Ele devemos recorrer.
7) Iminência da segunda vinda de Cristo. Finalmente, há a motivação maior para o arrependimento: “O Dia do Senhor está perto e ele vem como destruição da parte do Todo-Poderoso” (v. 15). As tragédias ambientais, os conflitos humanos e as dificuldades econômicas apontam para um evento maior: a segunda vinda de Jesus Cristo. Nessa ocasião, o planeta será completamente destruído pelo poder de Deus. Mas não tenha medo. Haverá salvação para uma classe de pessoas. Aqueles que hoje se arrependem de seus pecados encontram em Deus salvação. Quando Cristo regressar a este mundo, o salário do pecado, que é a pena de morte, será pago a todos (Rm 6:23). Os pecadores serão exterminados, mas os salvos, que reconhecem que Cristo pagou a penalidade de morte por eles na cruz, serão ressuscitados (se mortos) e transformados (se vivos) e arrebatados para viver em glória no paraíso que Deus preparou para aqueles que aceitaram Jesus Cristo.
Você certamente está cansado de viver uma sucessão interminável de crises neste mundo. Pois Deus tem a solução para seus problemas. Essa solução chama-se Jesus. Busque-O de todo o coração, e Nele você terá uma nova vida, vida eterna.