Perda total. O que vem à sua mente quando ouve essa expressão? Você provavelmente pensa em uma batida de automóvel grave em que o carro ficou irrecuperável. Talvez imagine a lataria amassada, os eixos entortados e o motor fundido, ou ainda que um incêndio tenha destruído o veículo. Ao ser atribuído a algo o título “perda total”, você sabe que aquilo não tem possibilidade de restauração.
Infelizmente, não carimbamos as palavras “perda total” apenas em bens materiais. Quantas vezes as condições de saúde recebem, após uma bateria de exames, um prognóstico que se parece com “perda total”. Outras vezes, após alguns anos de casamento, desavenças, acusações e traições fazem com que um dos cônjuges imponha uma “perda total” no matrimônio. Talvez suas oportunidades em determinada carreira também tenham se esgotado. Pode ser que circunstâncias completamente fora de seu controle estendam diante de seu caminho uma faixa com os dizeres “perda total”, lembrando-lhe de que não adianta prosseguir com seus sonhos.
Essa era a situação do povo de Judá. Crise ambiental, crise de abastecimento, crise hídrica, crise financeira, crise política. Insegurança alimentar, insegurança nacional. Um conjunto de problemas que empurravam o país à falência. Se a expressão “perda total” fosse conhecida há 2.800 anos, certamente estaria sendo usada nas conversas em Jerusalém para se referir a vários aspectos da vida.
Porém, com Deus, não existe esse negócio de “perda total”. Para Ele, nada está tão perdido que não possa ser recuperado. Deus é o Deus do impossível. Ele pode restaurar qualquer coisa, qualquer pessoa, qualquer situação, e em qualquer circunstância. Ele estava pronto a restaurar Judá, e de igual modo está pronto a restaurar você, sua família, sua saúde, seu emprego e seus sonhos. Deus é Deus de restauração. A Bíblia diz que “então o Senhor teve grande amor pela Sua terra e Se compadeceu do Seu povo” (Jl 2:18). Do mesmo modo, Deus tem grande amor por você e Se compadece de você. Ele quer restituir o que foi tomado de você e encher seu coração de alegria e paz.
Alguém, no entanto, certamente está se perguntando: Como a restauração acontece? O que leva Deus a operar o milagre da restauração? Essas são perguntas muito pertinentes. Deus tem um caminho para que a restauração aconteça. Esse caminho se chama quebrantamento. É quando nos humilhamos diante dele e clamamos por misericórdia e salvação que Ele restaura nossa sorte. Quando nós nos arrependemos de nossos pecados e os confessamos, Deus remove a barreira que impede as bênçãos de fluírem até nós. “A graça de Deus é maior do que o nosso pecado. Onde a porta do arrependimento é aberta, os portais da graça são escancarados. Sempre haverá esperança de restauração onde há sinais de quebrantamento.”
Há pelo menos três aspectos de nossa vida que Deus espera restaurar.
O povo de Judá havia perdido sua segurança alimentar. As lavouras e pomares haviam sido devasta dos por pragas agrícolas, seca e queimadas. Faltava alimento, faltava dinheiro. Mas a promessa de Deus para quem se volta para Ele é fiel. “O Senhor respondeu ao Seu povo: ‘Eis que eu envio o cereal, o vinho e o azeite, e vocês ficarão satisfeitos’” (v. 19). “Os pastos do deserto reverdecerão, porque as árvores darão os seus frutos, e as figueiras e as videiras produzirão com vigor” (v. 22). “As eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de vinho e azeite. Restituirei os anos que foram consumidos pelos gafanhotos — o migrador, o devorador e o destruidor —, o meu grande exército, que enviei contra vocês. Vocês terão comida em abundância e ficarão satisfeitos” (v. 24-26).
Não pense que o departamento de Deus se restringe à espiritualidade e à outra vida. Deus também é o provedor de nossas necessidades materiais. Na oração que Jesus Cristo ensinou, o Pai-nosso, há uma petição específica para nossas necessidades temporais: “O pão nosso de cada dia nos dá hoje” (Mt 6:11). Deus está tão preocupado com suas contas no mercado como está ocupado com sua salvação eterna. Confiar Nele também implica reconhecê-Lo como nosso mantenedor. Aos que O buscam, Ele restaura as condições que permitem a prosperidade: “Ele lhes dá as chuvas em justa medida; fará descer, como no passado, as primeiras e as últimas chuvas” (Jl 2:23). Devemos nos lembrar de que, no contexto agropastoril em que a Bíblia foi escrita, as chuvas são o símbolo da bênção de Deus. Não é à toa que uma das aplicações da imagem das chuvas no livro de Joel é o derramamento do Espírito Santo.
Outro aspecto da restauração física é o livramento daqueles que procuram nosso mal. Assentados na encruzilhada de três continentes, o país de Judá estava sempre na mira dos imperialistas da antiguidade.
No tempo de Joel, a ameaça mais iminente vinha dos assírios, povo da Mesopotâmia conhecido por suas práticas genocidas, pelo uso de tortura e pelas deportações em massa. Hoje, a maldade das pessoas não diminuiu, pois o coração humano, sem Deus, continua tão perverso quanto naquele tempo. Mas Deus quer nos livrar da violência, das más intenções e da perversidade de abusadores e aproveitadores. A garantia disso é a promessa que Ele fez por meio de Joel: “Mas o invasor que vem do Norte, eu o removerei para longe de vocês e o lançarei para uma terra seca e deserta. Lançarei a sua vanguarda para o mar oriental, e a sua retaguarda para o mar ocidental. Subirá o seu mau cheiro, e subirá a sua podridão; porque agiu poderosamente” (v. 20). Os comentaristas da Bíblia sugerem que essa profecia se cumpriu quando, nos dias do rei Ezequias, os assírios sitiaram a cidade de Jerusalém, ameaçando destruir a capital de Judá e escravizar seus habitantes. Diz a Bíblia que, após o rei Ezequias e seus súditos clamarem a Deus por misericórdia, Ele enviou um anjo que, numa noite, tirou a vida de 180 mil soldados assírios, empesteando o ar com o mau cheiro dos cadáveres, mas livrando o povo de Deus da maldade dos que os ameaçavam (2Rs 19:35).
Querido, não tenha medo de pessoas que queiram prejudicá-lo. Se você estiver ao lado de Deus, sua causa será ganha, pois Ele lhe dará a vitória.
Não basta que nossos recursos sejam restaurados por Deus. Tampouco o livramento das adversidades resolve nossa angústia. Muitos sobreviventes de guerras e de calamidades permanecem durante anos com uma ansiedade crônica, com medo de passar fome, frio ou de ser vítima da maldade humana, apesar de a situação difícil em si já haver cessado. Por isso, Deus não somente restaura as circunstâncias desfavoráveis ao redor de nós. Deus restaura também nosso interior. Deus restaura nossas emoções. Ele quer nos libertar do medo, da ansiedade, da preocupação. Com Cristo, você pode ter uma vida livre de sentimentos sombrios. Deus é o único que pode substituir a tristeza angustiante por uma alegria esfuziante, que não depende das circunstâncias.
O que nos garante essa restauração dos sentimentos? Joel profetizou: “Não tenha medo, ó terra; alegre-se e exulte, porque o Senhor faz grandes coisas” (Jl 2:21). Deus é quem opera essa restauração emocional em nós. Deus é quem nos livra do medo, da ansiedade e da angústia. Com Cristo, ninguém precisa ter medo. Muito pelo contrário, em Cristo há motivação para a alegria, para a exultação; afinal, o Senhor faz grandes coisas.
Mesmo o mundo natural pode experimentar os resultados dessa paz que obtemos em Cristo. “Não tenham medo, animais selvagens, porque os pastos do deserto reverdecerão, porque as árvores darão os seus frutos, as figueiras e as videiras produzirão com vigor” (v. 22). A restauração da segurança alimentar tranquiliza a fauna. Os animais selvagens, antes intimidados pela falta de alimento, por causa dos rios e ribeiros secos e das queimadas, demonstravam seu pavor fugindo desembestadamente e atacando pessoas. Agora a harmonia é restaurada na natureza. “A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não por sua própria vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será libertada do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8:19-21).
Finalmente, há um terceiro aspecto da restauração. Ele ficou por último, mas isso não significa que é o menos importante. Podemos ter as condições materiais restauradas, podemos ter nossas emoções restauradas e curadas; mas, se nossa vida espiritual não for restaurada, não teremos felicidade completa. “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a essa vida, somos as pessoas mais infelizes deste mundo” (1Co 15:19).
1) Restauração da alegria. Deus quer restaurar a alegria em Seu povo. Temos muitos motivos para não sermos alegres. Quantas vezes sofremos de doenças psicológicas que nublam nossa alegria. Mas o profeta Joel alardeia a possibilidade de voltarmos a sorrir: “Alegre-se e exulte, porque o Senhor faz grandes coisas” (Jl 2:21). Sim! “Grandes coisas o Senhor fez por nós; por isso, estamos alegres” (Sl 126:3). O fato de Deus se interessar por nós a ponto de realizar grandes feitos em favor de nós é motivo de grande alegria. Ao buscarmos a Deus, nossos olhos se abrem e descobrimos as maravilhas que Deus tem opera do para nos beneficiar. “Filhos de Sião, alegrem-se e exultem no Senhor, seu Deus, porque Ele lhes dará as chuvas em justa medida; fará descer, como no passado, as primeiras e as últimas chuvas” (Jl 2:23).
2) Restauração do louvor. Não precisa ser assim, mas, muitas vezes, uma crise material é agravada por uma crise espiritual. Foi assim em Judá, e talvez isso esteja acontecendo ao você atravessar uma crise pessoal. No caso dos antigos moradores de Jerusalém, a fome e a miséria subsequentes à praga de gafanhotos e a seca afetaram a rotina do culto a Deus. Faltaram na casa de Deus as oferendas necessárias para a celebração dos rituais que simbolizavam o sacrifício vindouro do Messias, aquele que daria a vida pelos pecados do povo (Jl 1:9, 13). O cancelamento das cerimônias religiosas gerou uma crise espiritual. Mas Deus quer restaurar nossa vida espiritual, nosso fervor. Ele promete: “Vocês […] louvarão o nome do Senhor, seu Deus, que fez maravilhas em favor de vocês” (Jl 2:26). Deus quer restaurar em nós os motivos para louvar e engrandecer Seu nome.
3) Restauração da honra. Um terceiro aspecto da restauração espiritual é a restauração de nosso valor próprio. As dificuldades que nos sobrevêm nos humilham e abatem. Quantas vezes nos sentimos envergonhados por conta dos sofrimentos por que passamos. As enfermidades nos limitam, o desemprego nos pisoteia, os conflitos escancaram nossos defeitos. Mas Deus quer nos reerguer. Ele quer nos levantar. Ele quer nos honrar. Nele, reencontramos a dignidade. Por causa Dele, descobrimos que temos valor. Somos joias preciosas para Deus. Ele nos exaltará, pois nos ama imensamente. É Sua a promessa: “Nunca mais farei de vocês motivo de zombaria entre as nações” (v. 19). “Nunca mais o Meu povo será envergonhado. Vocês saberão que Eu estou no meio de Israel, que Eu sou o Senhor, o Deus de vocês, e que não há outro. E nunca mais o Meu povo será envergonhado” (v. 26, 27). Não importa quão abatidos estejamos, Deus ainda assim não desiste de nós. Ele continua tendo planos grandiosos para nossa vida. “Quando, maltrapilhos, tomamos a decisão de voltar à casa do Pai, sempre encontraremos Seu abraço de amor, Seu beijo de perdão e Sua festa de reconciliação.”
Deus é o Deus da restauração. Entregue a Ele suas derrotas, suas frustrações, seus fracassos. Ele é o único que pode restaurar sua vida. Para Ele, não existe “perda total”, nem doença incurável, nem impossíveis. Ele ama você demais.
Você aceita a obra de restauração que Ele anseia realizar em sua vida?